VOLTAR PARA VENCEDORES
Mantero Belard / 2015

António Ambrósio

António Ambrósio

António Ambrósio

Mantero Belard 2015

PROJETO

Alterações cerebrais na doença de Alzheimer: a retina como um espelho do início e progressão da doença?

INSTITUIÇÃO PROPONENTE

Universidade de Coimbra

INSTITUIÇÕES ENVOLVIDAS

> Instituto de Imagem Biomédica e Ciências da Vida
> Centro de Neurociências e Biologia Celular
> Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde

RESUMO DO PROJETO

A doença de Alzheimer (DA) é a principal causa de demência. O diagnóstico e monitorização da patologia requerem a utilização de métodos invasivos, onerosos, e de sensibilidade reduzida. A DA tem início anos antes dos primeiros sintomas clínicos, pelo que o diagnóstico precoce, recorrendo a biomarcadores de confiança, é da maior importância. Alterações visuais são frequentes nos doentes com DA e podem ocorrer antes do diagnóstico. Apesar de alguma controvérsia, estudos mostram que a retina é afetada pela Doença de Alzheimer. Estudos mais recentes em modelos transgénicos de DA corroboram a existência de alterações na retina, evidenciando o conceito da retina como uma janela para o cérebro. A retina pode ser analisada com técnicas não invasivas, o que oferece vantagens em termos de diagnóstico e avaliação da progressão da Doença de Alzheimer, além de permitir identificar biomarcadores mais fiáveis. O conceito de retina como janela para o cérebro é de grande potencial, mas com várias lacunas pois a maioria dos estudos foca exclusivamente o cérebro ou a retina e não ambas as estruturas em paralelo, e várias questões permanecem por responder, nomeadamente: Quando aparecem as primeiras alterações na retina e no cérebro? Que alterações surgem primeiro? Que regiões são primariamente afetadas e em que extensão? Qual a progressão das alterações em diferentes regiões? Existe correlação entre alterações da retina e de diferentes regiões do cérebro? Relações causais e interdependências mecanísticas permanecem por esclarecer, pelo que nos propomos responder a estas questões, clarificando se a retina pode, de facto, espelhar as alterações que ocorrem num cérebro com Doença de Alzheimer. Para atingir estes objetivos, propomo-nos desenvolver um estudo integrativo e longitudinal, em que se usará um modelo animal de Doença de Alzheimer (3xTg-AD, triplo transgénico) e doentes com Doença de Alzheimer.

Avaliaremos, in vivo, em animais transgénicos e em controlos (C57BL/6J), aos 4, 8, 12, e 16 meses de idade, alterações estruturais, funcionais e biológicas (nível celular e molecular), na retina e no cérebro. Parâmetros similares serão avaliados em doentes com DA e em pessoas saudáveis de diferentes faixas etárias (55-60; 60-65; 65-70; 70-75 anos). Diversas técnicas complementares de imagiologia e electrofisiologia serão aplicadas em paralelo ao cérebro e à retina. Estas técnicas permitem analisar estrutura e função da retina e do cérebro, acumulação de proteína beta-amilóide e neuroinflamação. Usaremos novos métodos de classificação desenvolvidos pela equipa de investigação e outros métodos de classificação. A retina e o cérebro de animais transgénicos, e controlos, serão recolhidos para avaliação de um conjunto extenso de marcadores associados à Doença de Alzheimer. A avaliação morfofuncional será complementada por estudos de comportamento animal em murganhos 3xTg-AD para avaliar aprendizagem e memória. Até à presente data não foi conduzido qualquer estudo semelhante ao proposto. Este projeto permitirá obter informação relevante para o melhor conhecimento da fisiopatologia da Doença de Alzheimer e das interligações entre patologia do cérebro e da retina. O sucesso dos objetivos propostos é garantido por uma equipa multidisciplinar que inclui cientistas de áreas fundamentais e clínicas. A equipa tem vasta experiência nas ciências da visão e neurociências, nomeadamente doenças degenerativas da retina e do cérebro, incluindo a Doença de Alzheimer. Adicionalmente, os membros da equipa possuem larga experiência em técnicas de imagem, de biologia celular e estudos de comportamento, com publicações na área e acesso total a todo o equipamento necessário para o desenvolvimento do projeto. A ideia de correlacionar alterações patológicas retinianas e cerebrais num estudo longitudinal e integrativo, avaliando inúmeros marcadores, em modelo animal e humanos, é bastante inovadora, e permitirá clarificar o potencial da retina como espelho das alterações cerebrais na Doença de Alzheimer, e identificar novos biomarcadores, da maior utilidade no diagnóstico da Doença de Alzheimer, particularmente em estádios iniciais da doença.

EQUIPA

> Ana Raquel Sarabando Santiago
> Maria Isabel Jacinto Santana
> Helena Beatriz Marques da Costa Santiago
> Catarina Alexandra dos Reis Vale Gomes
> Cristina Isabel Marques Maurício de Carvalho
> Filipa Isabel Cabaço Baptista
> António Miguel Lino Santos Morgado
> Rui Manuel Dias Cortesão dos Santos Bernardes
> Samuel Filipe Duarte Chiquita
> Sónia Catarina de Sousa Correia
> Dalila Maria Marques Teixeira Barroca
> Elisa Regina Figueiras Julião Inácio de Campos
> João José Oliveira Maia
> Miguel Sá Sousa Castelo-Branco
> Paula Isabel da Silva Moreira